sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A VAIDADE QUE MATA

Admito que é inata em nós a estima pelo próprio corpo, admito que temos o dever de cuidar dele. Não nego que devamos dar-lhe atenção, mas nego que devamos ser seus escravos. Será escravo de muitos quem for escravo do próprio corpo, quem temer por ele em demasia, quem tudo fizer em função dele. Devemos proceder não como quem vive no interesse do corpo, mas simplesmente como quem não pode viver sem ele. Um excessivo interesse pelo corpo inquieta-nos com temores, carrega-nos de apreensões, expõe-nos aos insultos; o bem moral torna-se desprezível para aqueles que ama em excesso o corpo." Sêneca (filósofo)


Bulimia e anorexia são doenças ligadas à alimentação. As duas podem levar à morte. Nos dois casos, a pessoa desenvolve horror a engordar e se acha gorda, mesmo quando o mais honesto dos seus amigos lhe garante que ela não está. São doenças que acontecem com qualquer tipo de pessoa, e que infelizmente pelas exigências de estética e beleza imposta pela sociedade se tornou muito comum.


BULIMIA
A bulimia é um transtorno alimentar causado por um distúrbio psicológico que acomete geralmente mulheres jovens, se manifestando mais tarde do que na anorexia, por volta dos 18 a 20 anos. A valorização cultural de um estereótipo de beleza "magra" é um dos fatores que contribui para o aparecimento dos transtornos alimentares. Tendo como principais características episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios para evitar o ganho de peso. A pessoa come muito (parece que está com muita fome), sendo que os tipos de alimentos variam, mas geralmente são ricos em gordura e/ou açúcar, após ingerir essa grande quantidade de alimento, sente culpa porque acha que com toda essa comida, ganhou peso. Provoca vômito (esse comportamento de comer muito e depois provocar vômito acontece entre duas a três vezes por semana, nesse processo a pessoa não perde peso, por isso, tanto a família quanto os médicos têm mais dificuldade em descobrir a doença), também toma laxativos ou diuréticos, tudo para tentar se "limpar" do aumento de peso. Uma pessoa bulímica pode também fazer exercícios físicos exageradamente, com o mesmo objetivo, elas vivem em um círculo vicioso de compulsão-purgação. Os episódios de compulsão alimentar ocorrem em segredo, por isso raramente são presenciados por outras pessoas. Alguns deste episódios são previamente planejados, mas geralmente ocorrem de forma impulsiva.




Sinais e Sintomas:
Uma pessoa com bulimia terá várias complicações de saúde, como:

  • Inchaço das glândulas parótidas (como se estivesse com caxumba). Devido aos vômitos provocados;
  • Rosto inchado e dolorido;
  • Amenorréia (falta de menstruação) pelo menos 3 ciclos;
  • Queda de cabelo;
  • Perda de dentes (devido ao acido do vômitos);
  • Vômitos provocados (geralmente logo depois das refeições ou durante o banho);
  • O peso não está muito abaixo nem muito acima do normal, se bem que oscila com facilidade;
  • Calos no dorso dos dedos, principalmente indicador. Essas calosidades são devido a lesões provocadas pelo uso constante dos dedos em atrito com os dentes ao estimular o vômito.
  • Desmaios e fraqueza, devido ao uso de laxantes e diuréticos que provocam um desequilíbio eletrolítico (perda de sais minerais como potássio).
  • Desidratação, dores nos músculos e câimbras;
  • Sangramento do esôfago;
  • Prisão de ventre crônica;
  • Hemorróidas;
  • Rompimento do estômago
  • Problemas no coração.
OBS: É importante ficar atento para aquelas que logo após se alimentarem vão ao banheiro.
Em geral, os bulímicos são pessoas depressivas, com dificulade nos relacionamentos interpessoais, aborrecimentos, dietas restritivas e/ou prolobgadas, e insatisfação e/ou distorção da imagem corporal que se sentem inferiores aos outros. Muitas vezes, a pessoa com bulimia sabe que tem um problema, mas não consegue controlar a doença e a esconde, com vergonha.

ANOREXIA
É um transtorno alimentar caracterizado por uma rígida e insuficiente dieta alimentar (caracterizando em baixo peso corporal) e estresse físico. As mulheres são largamente mais acometidas, entre 90 e 95% dos casos são mulheres. É uma doença complexa, envolvendo componentes psicológicos, fisiológicos e sociedade. Uma pessoa com anorexia nervosa é chamada de anoréxica e pode ser também bulímica. A pessoa anoréxica apresenta um comportamento persistente em manter seu peso corporal abaixo dos níveis esperados para sua estatura, juntamente a uma percepção distorcida quanto ao seu próprio corpo, que leva o paciente a ver-se como "gordo". Apesar das pessoas em volta notarem que o paciente está magro ou muito magro, o paciente insiste em negar, em emagrecer e perder mais peso. O funcionamento mental de uma forma geral está preservado, exceto quanto a imagem que tem de si mesmo e o comportamento irracional de emagrecimento.
O paciente anorético costuma usar meios poucos usuais para emagrecer. Além da dieta é capaz de submeter-se a exercícios físicos intensos, induzir o vômito, jejuar, tomar diuréticos e usar laxantes.Aos olhos de quem não conhece o problema é estranho como alguém "normal" pode considerar-se acima do peso estando muito abaixo. Não há explicação para o fenômeno mas deve ser levado muito a sério pois 10% dos casos que requerem internação para tratamento (em hospital geral) morrem por inanição, suicídio ou desequilíbrio dos componentes sanguíneos.




Sinais e Sintomas:

  • rápida perda de peso;
  • parada do ciclo menstrual;
  • depressão, ansiedade, irritação;
  • desnutrição;
  • desidratação;
  • pele seca;
  • dores de cabeça;
  • pressão arterial baixa;
  • cor roxa nas extremidades;
  • anemia;
  • redução da massa muscular;
  • letargia ( cansaço);
  • intolerância ao frio;
  • osteoporose;
  • infertilidade;
  • ataque do coração.

TRATAMENTO
O tratamento da anorexia continua sendo difícil. Não há medicamentos específicos que restabeleçam a correta percepção da imagem corporal ou desejo de perder peso. Por enquanto as medicações têm sido paliativos. As mais recomendadas são os antidepressivos tricíclicos (possuem como efeito colateral o ganho de peso). Os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina têm sido estudados mas devem ser usados com cuidado uma vez que podem contribuir com a redução do apetite. É bom ressaltar que os pacientes com anorexia têm o apetite normal, ou seja, sentem a mesma fome que qualquer pessoa. O problema é que apesar da fome se recusam a comer. As psicoterapias podem e devem ser usadas, tanto individuais como em grupo ou em família. A indicação dependerá do profissional responsável. Por enquanto não há uma técnica especialmente eficaz. Forçar a alimentação não deve ser feita de forma rotineira. Só quando o nível de desnutrição é ameaçador. Forçar alimentação significa internar o paciente e fornecer alimentos líquidos através de sonda naso-gástrica. Geralmente quando se chega a isso torna-se necessário também conter (amarrar) o paciente no leito para que ele não retire a sonda. Uma menina com bulimia será tratada por um médico, que fará exames e receitará remédios para ela. Mas ela também terá que fazer terapia, com um psiquiatra ou um psicoterapeuta. O indicado é que até a família do doente faça terapia, porque o apoio dos pais e irmãos é muito importante para a cura. Só assim, lentamente, o doente bulímico poderá deixar a doença para trás. Uma pessoa com bulimia ou com anorexia tem uma doença grave, que deve ser tratada antes que o pior aconteça. Embora algumas meninas se recuperem sozinhas depois de um caso único de anorexia, a maioria poderá ter problemas muito sérios. Os jornais brasileiros já publicaram vários casos de meninas jovens que, infelizmente, acabaram morrendo por sofrer dessas doenças.
O mais importante, é a família estar sempre atenta e constatar um médico de confiança em caso de suspeita de qualquer uma das doenças.


PREVENÇÃO
Infelizmente, não se conhecem métodos eficazes para prevenir patologias como a bulimia e a anorexia. Seria necessário um empenho da sociedade na mudança de certos valores estéticos ligados ao culto do corpo e à magreza, porém existem alguns métodos para evitar sucumbir a esse tipo de comportamento:

  • Procure aceitar-se como você é e o seu corpo. Você não precisa ser, nem parecer uma outra pessoa;
  • Procure a companhia de pessoas que aceitam você como você é, e não pessoas cujo foco esteja em ser magra ou emular modelos;
  • Siga uma dieta saudável, rica em carboidratos, frutas frescas, legumes, produtos lácteos low-fat e carnes magras;
  • Alimente-se em intervalos regulares. Não salte refeições, pois quando você finalmente comer, corre o risco de exagerar;
  • Evite alimentos refinados como farinha de trigo, açúcar e "junk food", ricas em calorias, como bolos, biscoitos, tortas, que têm gordura e açúcar;
  • Exercite-se regularmente, de forma moderada. Se você achar que está se exercitando excessivamente, procure alternativas em outras atividades junto à sua família e/ou seus amigos;
  • Procure ser boa nas coisas que você faz. Você pode alimentar a sua auto-estima através do seu trabalho, dos seus hobbies ou da participação em trabalho voluntário na sua comunidade;
  • Procure conhecer o seu problema através da leitura de livros e de organizações que se dedicam à esse tipo de problema.

Os pais que queiram ajudar suas filhas a passarem ao largo desse tipo de problema, devem começar por entenderem a importância de que elas encontrem o ponto de equilíbrio entre dois fatores que competem entre si: independência individual e envolvimento familiar.


FONTES:



Por:
Lilian Ramos Guimarães Nunes
Soraya Martines Siqueira

Nenhum comentário:

Postar um comentário